segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Alquimia - Parte II

As Vias Alquimicas

De Rubellus Petrinus


Segundo o nosso entendimento e baseados naquilo que lemos nas obras dos maiores Mestres e ainda na nossa experiência, há fundamentalmente, quatro vias alquímicas. A via úmida, Seca, Mista ou dos Amálgamas e a Breve.


Tabela de conteúdo


Via úmida

Esta via segundo os Mestres é a via mais nobre. Como o seu nome indica é feita por meios úmidos, líquidos ou salinos que normalmente compõe o dissolvente da matéria também conhecido por fogo secreto.


O seu tempo de duração é mais ou menos longo conforme as vias. Há vias úmidas que demoram meses a fazer e outras menos de um mês como a de Kamala Jnana. As temperaturas atingem 500 graus no máximo em alguns casos especiais, onde é necessário fazer a sublimação das matérias e a destilação do Vitríolo.

Em algumas vias úmidas uma retorta de vidro Pirex e alguns balões do mesmo material serão suficientes para as fazer. Os fornos variam conforme os casos, podendo ser um pequeno fogão a gás com regulação de temperatura e uma tigela ou escudela de aço inoxidável que contenha o necessário banho de areia.
Outras como a via do Vitríolo necessitam uma retorta especial chamada de Glauber para a destilação seca do Vitríolo natural tal como é descrita no Último Testamento de Basílio Valentim.


O Sujeito mineral da maioria das vias úmidas é o Dragão Vermelho, do qual, por sublimação com o fogo secreto, será extraído o mercúrio filosófico conhecido também por Azoth.




Em outras vias como na de Kamala Jnana, logo no início serão extraídos deste Dragão, por meio do fogo secreto, os dois princípios Enxofre e Mercúrio. Há também a via dos acetatos mas nós nunca nos debruçamos sobre ela. Sabemos preparar canonicamente todas as matérias mas nunca intentamos experimentá-la.
Antes de começar qualquer uma destas vias há os trabalhos acessórios também chamados trabalhos de Hércules, porque são penosos e morosos. Há que preparar canonicamente o Sujeito, os sais que formarão o fogo secreto e os espíritos necessários.


Via Seca

Esta via é executada exclusivamente ao forno e em cadinhos de barro refratário com temperaturas de cerca dos 1000 graus C. É uma via difícil e muito trabalhosa que um artista mesmo tendo algumas luzes da via nunca conseguirá executar sem a ajuda de um Mestre ou de um Irmão que a conheça. O melhor será não o intentar.
O sujeito desta obra, descrita por Fulcanelli e, sobretudo, pelo seu dito discípulo Eugène Canseliet, é o Dragão Negro.
Como na via úmida, há também os trabalhos preliminares para a preparação do Sujeito, dos sais que servem como fundente e ainda a escolha criteriosa do seu acólito Metálico.


O tempo de duração não é de alguns dias como alguns supõem. Não é tanto como numa via úmida tradicional, mas também é largo; tudo dependerá da destreza do artista e da quantidade de material que tiver de trabalhar.



Além disso nesta via está-se condicionado às "condições exteriores" e, por isso há só uma estação do ano propícia para a começar. Durante o resto do ano preparam-se todos os materiais e afina-se a mão para a via canonica muito dispendiosa.

Resumindo, é uma via difícil que não está ao alcance de qualquer um porque além de exigir um local adequado e bem ventilado para construir o forno, o artista necessita de um grande "background" para a executar como dissemos.


Via Mista ou dos Amálgamas

São a maioria das vias descritas, como a de Filaleto, Flamel, Lúlio, Alberto, Artéphius, etc. Porquê chamada mista? Porque no início se necessita começar pela Via Seca para a preparação do Régulo Marcial como no caso da via de Flamel, Filaleto, Artephius, etc.
Depois desta primeira operação pela via seca e da obtenção do régulo marcial que não está condicionada às mesmas condições "exteriores" da via seca propriamente dita, as primeiras operações serão feitas em cadinhos pequenos para obter o amálgama filosófico. Depois desta operação, há que destilá-lo numa retorta de aço desmontável para obter o mercúrio filosófico e assim por diante.

Excepção feita na via de Alberto que, no início se sublima o Sujeito para obter o Azoth e depois de se preparar a Água Terceira e Quarta se passa ao amálgama, tal como na via de Filaleto ou Flamel.
A via de Artephius é um pouco mais complicada, mas baseia-se também no Régulo Marcial e na sublimação do mercúrio para conseguir o dissolvente. Existem algumas variantes desta via onde o Enxofre do metal nobre pode ser substituído por outro inclusivamente pelo da via seca. Não sabemos exatamente o tempo de duração destas vias mas Filaleto descreve detalhadamente na Entrada Aberta ao Palácio Fechado do Rei.


Via Breve

Nesta via englobam-se também os "particulares" quer dizer, vias não verdadeiramente alquímicas. Tanto quanto sabemos, o nosso Mestre trabalhou na via Breve, e vimos algumas fotografias espetaculares do plasma emitido pela matéria em fusão no cadinho a altas temperaturas. Se a via seca não é acessível a todos, a Breve é só para os especialistas, e é necessário ter condições especiais para a fazer.
Quanto aos "particulares" existem muitos inclusivamente a subfusão descrita em Traicté du Feu et du Sel de Blaise Vigerene e outros como podereis ver na Web de Albert Cau e não só. Procure os verdadeiros livros clássicos dos grandes Mestres e não deves deter em traduções dúbias que só servirão para vos confundir.
Já o dissemos e repetimos. Os Fulcanelli (Lubicz, Dujols, Champagne e Canseliet) são bons e recomendamo-los para conhecer bibliografia, filosofia alquímica, simbologia e parte do modus operandi da via seca, mas não são fáceis de entender principalmente pelos principiantes. A maioria é por aí que começa e por lá ficam anos, entrando num beco sem saída, como a nós nos aconteceu e também a outros irmãos.

A Tábua de Esmeralda

De Hermes Trimegisto

A Tábua de Esmeralda
Este texto foi referendado por todos os alquimistas e dificilmente um alquimista não o sabia de cor ou não o tinha anotado em local visível em seu laboratório, para constantes meditações. Este texto alquímico foi escrito em uma esmeralda por Hermes Trimegisto e apesar de muito reduzido contém todos os ensinamentos da alquimia, basta conseguir interpretá-lo. Existem várias versões deste texto, porém com poucas distorções, isto deve ser devido as inúmeras traduções de idiomas distintos. Transcreveremos esse texto, com um brevíssimo comentário entre parênteses, notando que ele nos faz percorrer um périplo que vai da trindade humana (corpo, alma, espírito), a uma trindade cósmica (mundo natural, mundo humano, mundo divino) para terminar na trindade divina (Espírito, Essência, Energia-Vida).

I - "É verdadeiro, sem falsidade, certo e muito verdadeiro (A verdade nos três mundos)
II - "que àquilo que está em cima é igual àquilo que está embaixo
(Lei da polaridade, da imantação)
e que àquilo que está embaixo é igual àquilo que está em cima,
(Lei da analogia, lei dos sinais de apoio)
para realizar os milagres de uma única coisa.
(Lei do Ternário e de série, lei das correspondências) III - "E da mesma forma que todas as coisas foram e vieram do Um, (Lei da unidade e da criação divinas, lei do Número)
assim todas as coisas nasceram desta coisa única por simples ato de adaptação.
(Lei da adaptação) IV - "O Sol é seu pai, a Lua sua mãe, o vento a carregou em seu útero, a terra é sua ama de leite. (Os quatro elementos: Fogo (Sol), Água (a Lua, elemento úmido), Ar (o vento); Terra)
O Telesma (perfeição) de todo o mundo está aí.
Seu poder não tem limites sobre a Terra. V - "Separarás os elementos da Terra daqueles do Fogo, o sutil do grosseiro, cuidadosamente com grande habilidade. (Arcano da salvação; separação do espírito (sutil) e da matéria (espesso); espiritualização)
Sobe da Terra para o Céu e torna a descer para a Terra e une para si próprio a força das coisas superiores e inferiores... (Leis da involução e da evolução)
Desse modo, obterás a glória do mundo e as trevas se afastarão de ti.
VI - "Esta coisa é a forte fortaleza de toda força, (Lei do amor e do sacrifício)
pois vence toda coisa sutil e penetra em toda coisa sólida
(E pela lei do Amor que o Espírito move o universo) VII - "Assim o mundo foi criado. (Lei da realização. Amor e Sacrifício criam as obras duráveis) VIII - "Conseqüentemente esta é a fonte das inúmeras e admiradas adaptações cujo meio está aqui. IX - "Por esta razão sou chamado Hermes Trimegistos, pois possuo as três partes da filosofia universal." (Conhecimento absoluto dos três planos do universo: divino, astral, físico)
"O que eu disse a respeito da operação do Sol está realizado e aperfeiçoado."

Culturas Alquí­micas

de Vinícius Sly Ehrenadler

' Culturas da Alquimia '


Cultura Árabe

A Europa entrou em contato com a alquimia através das invasões árabes na península ibérica. Os árabes fundaram universidades e ricas bibliotecas (que entre os séculos VIII e XIII emitiram as bases teóricas da alquimia), as quais foram destruídas nas Cruzadas. A química árabe aperfeiçoou as artes de destilação e de extração por gorduras, a fabricação de sabão, as ligas metálicas e a medicina farmacêutica.Os primeiros textos traduzidos do grego para o árabe foram os textos de alquimia, dizia o sábio Ibn Al Nadim, no século X. Al Nazi é o primeiro alquimista cuja obra e vida foram descritas por outros autores credíveis.Dispositivos novos ou aperfeiçoados são introduzidos: o "banho-maria" (banhos de ar quente), os cadinhos perfurados permitindo a separação por fusão, as diferentes retortas de destilação, de sublimação. A classificação das substâncias é variável de um autor para outro. Exemplos:Ouro é nobre, pois resiste ao fogo, à umidade e ao enterramento sob a terra; Cânfora, enxofre, arsênico, mercúrio e amoníaco fazem parte dos espíritos, pois são voláteis; O vidro se enquadra nos metais, pois é susceptível de fusão. As operações alquímicas eram longas, duravam horas e até dias, mas tratava-se de reproduzir no laboratório, na "matriz artificial" que constitui um alambique bem fechado, um processo que, na natureza, se mede em séculos.

Cultura Cristã

No mundo islâmico, os alquimistas eram alvos de gracejos já que os escritos alquímicos eram cheios de símbolos e era impossível saber se um autor compreendia o que ele escrevia. Quando os textos foram traduzidos em latim, por volta do século XII, os sábios cristãos estavam divididos entre o nobre desejo de melhor combater o inimigo infiel e a curiosidade devoradora pelos saberes. A alquimia cristã, como a alquimia árabe, toma questão de avaliação. Saber quem era alquimista medieval, era a primeira dificuldade presente na alquimia cristã devido a sua situação anônima. Enquanto os árabes possuíam apenas ácidos fracos e soluções de sais corrosivos, os alquimistas europeus aprenderam a preparar e condensar ácidos forte, no século XVI. Primeiro o ácido nítrico, depois o ácido clorídrico, em seguida o ácido sulfúrico até chegar a água régia que dissolve até o ouro.

Cultura Chinesa

Para os alquimistas chineses, o principal objetivo era atingir a imortalidade. Para eles, a não reatividade do ouro era inalterável e, por isso, imortal. Tentavam manufaturar o ouro e esperava-se que, dessa forma, poderia ser preparada uma "pílula da imortalidade". Acreditava-se também que, ingerindo os alimentos em pratos feitos com esse ouro, seria possível alcançar a tão sonhada longevidade.Os alquimistas chineses criaram elixires à base de enxofre, arsênico, mercúrio, e não obtiveram sucesso em sua busca. Joseph Needham fez uma lista de imperadores cuja morte se pode pensar ter sido causada pelo envenenamento causado pelo consumo desses elixires. Dessa forma, a alquimia chinesa foi perdendo força e acabando desaparecendo com a ascensão do Budismo.

Leis Universais

De Gustav Nuremberg Massa


As Leis Universais da Alquimia

Tabela de conteúdo


O que são?

As Leis Universais determinam as ações da Matéria Prima Universal.

Vitalismo

O Vitalismo não tratava toda a natureza como viva. Gerou uma separação entre os seres vivos e o restante do Universo. Além disso, elaborou um novo método de acesso aos padrões íntimos do ser, através da dinâmica homeopática, não usando mais o fogo, mas a água. Afirma também, a necessidade dum príncipio que não seja apenas físico-químico para explicar os fenÔmenos essenciais.

Teoria Mecanicista

Essa teoria, nega a existência de qualquer diferença essencial entre os seres vivos e a matéria inanimada. Considera os seres vivos como máquinas, e que tudo se manifesta das ciências físico-químicas complexas.Contradizendo o Vitalismo.

Holismo

O Holismo não vê mais os seres vivos como uma máquina, mas como um sistema vivo.Coloca os seres vivos como um sistema auto-organizador.O Holismo, representa uma "versão atualizada" do Animismo, que é um sistema de pensamentos que atribui alma própria aos seres vivos, objetos inanimados e fenômenos da natuzera.Contradizendo a Teoria Mecanicista.

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